La vida te da sorpresas.
Pedro Navaja
A vida sempre surpreende. As calmarias são antessalas de surpresas. Existem dois tipos de surpresas: as boas e as más.
Nesses dias, pensei, ou melhor, escrevi – pois essa é a melhor forma de experimentar meus pensamentos – que o ideal neste momento da minha vida seria integrar meus desejos de individuação, portanto, de realização. Não quero levar frustrações para o outro lado. De alguma maneira, todos sabemos disso, no entanto protelamos.
Ao mesmo tempo, integrar tudo ou quase tudo exige um esforço de lucidez e autoorganização desafiador. Diante da premência e finitude existencial, vale a pena experimentar. Aliás, a vida é uma permanente experimentação que jamais pode ser repetida. Que o diga Heráclito e todos aqueles que vieram depois dele, sabendo disso.
Meu receio é enlouquecer, querendo fazer tudo ao mesmo tempo. Precisamos de técnica. A técnica é, primeiro, dosar a atividade fundamental que exercemos para, depois, aos poucos, ir inserindo e praticando as atividades que me complementam e completam minha individuação.
Segundo, tomar cuidado para não extrapolar qualquer uma das atividades, mesmo a fundamental, pois isso pode se tornar um vírus difícil de tratar. A euforia em uma atividade pode se tornar melancolia em outra. No conjunto da realização das atividades, a condição indispensável deve ser o estado de fluxo. Euforia provoca acidentes emocionais.
A sagrada alternância que deve existir entre o silêncio e o som, entre a atividade e o repouso, entre o dia e a noite, deve ser observada e mantida. Caso contrário, podemos nos perder. Só assim conseguimos fazer a travessia que é a Vida.
Essa alternância, sua prática cotidiana, é uma arte. Praticá-la é o caminho para atingir nossa individuação integrada. Não só em relação a nós mesmos, mas também com os outros.